O Caminho é a Subir

Valdegovia

Uma das coisas mais nices da vida de um escalador é sem dúvida viajar e conhecer sítios novos onde se escala. Desta vez os míseros 5 dias eram apertados para os 850km até ao País Basco mas havia algo que compensava o empenho.

Costuma dizer-se que os amigos são o melhor que temos nesta vida e foi precisamente para os encontrar que acabei por conduzir a carrinha até ficar com o cadáver feito num 8.

O Pujan e Jessica colocaram recentemente o seu projecto pessoal de vida em acção e a sua viagem, por entre toda a escalada da Europa, não tem data marcada para o regresso. A ideia é tão interessante que decidi que nem que fosse por 5 dias, iria fazer parte da jornada destes bons amigos.

Tava um frio do camandro e um ambiente perfeito para escalar. A bonita escola de Valdegovia vai merecer com certeza um regresso. As vias são de uma qualidade impressionante e embora os sicados e talhados sejam o mote até estes estão feitos com estilo. Fica a questão sobre o facto de que sem esta arte não existiriam muitas vias. Enfim na minha opinião tudo o que é demais não é bom mas sem stress que o que importa é escalar e desfrutar.

O sitio é lindo e a relvinha cobre todo o lado em frente das falésias proporcionando um fantástico pé de via para ir escalar levando a família atrás seja o bebé, seja o cão.

Fartei-me de fazer vias, procurando sobretudo a escalada avista, mas com mais uns dias as vias mais duras seriam também uma possibilidade.

A viagem foi ainda marcada pela presença dos amigos da burguesia autocaravanesca =P, o Leo, a Inês, a Mar e o Mario. Aquele veiculo vinha já integrado com um fantástico jantar, constituido por dois excelentes menus, já previamente confeccionados pela Inês e que nos permitiram elevar o nível do conforto para patamares próximos da perfeição. Foi mesmo altamente estar também com estes amigos que por alí ficaram mais uns dias.

Resta-me mandar um grande abraço aos amigos e desejar uma excelente viagem. Até breve!! ;)

Hugo Peniche

Rodellar

A primeira vez que meti as patas em Rodellar foi praí em 2005, era Junho e nem fazia a mínima ideia do local para onde me levava o Schiappa Mobil (saudosa carrinha skoda do saudoso escalador e amigo Schiappa). Assim que cheguei e me deparei com aquelas covas e paredes de potencial interminável, com o ambiente fanático e toda aquela vida de loucura, liberdade e desprendimento da vida citadina, fiquei a desejar estar ali o mais possível, passar o ano a sonhar com aquilo e voltar logo pra lá. E foi desta forma que nos anos seguintes passei a aproveitar as férias da faculdade para passar ali os meses de verão.

André na "Pata Negra"

Baptista na via "Juan y Fran"

Em termos de escalada propriamente dita, Rodellar sempre me fez apanhar tareias de caixão à cova e aquelas vias enormes a escalar sempre em cima dos braços, mostram-me sempre qual é o meu lugar, fulminando qualquer ideia de auto-percepção mal medida. Levei tempo a aceitar esta lição de humildade mas o que é facto é que é muito mais importante aprender e voltar muito mais forte do que passar o tempo a tentar encher a caderneta de feitos e realizações.

Dalai na via "Made in Maskun"

Subtil nas Ventanas

Ana na via "Lola"

Estes dias regressei a Rodellar e continuaram as tareias, as escaladas incríveis, a festa cigana e o sentimento da vida em liberdade longe das garras da babilónia.

Via "Cosi Fan Tuti" na Piscineta

Este ano a surpresa foi mesmo o regresso ao sector da Piscineta. Já tinha lá ido praí em 2006 mas na altura não tinha sequer nível para provar as suas vias, quase todas oitavos. Para ali chegar há que caminhar aproximadamente 1h, por entre subidas e descidas de caminhos duros e cascalheiras, mas vale a pena uma vez que o sector é inacreditavelmente de qualidade. Uma parede extraprumada de 50 metros de chorreiras, tacos e regletes naturais (sem sicados), frente a uma piscina natural de agua transparente. Enfim, uma escalada de qualidade única que faz com que um tipo se sinta privilegiado por escalar ali.

Falta dizer que o privilégio só deverá caber a quem respeite o local com a sua energia positiva, não estragando nada ou deixando qualquer tipo de resíduo ou lixo.

O caminho de regresso da Piscineta

O resto é amigos, festa e muita escalada com vários projectos de vias pendentes nos excelentes sectores Gran Boveda, Ventanas, Pince Sans Rire e Surgencia.

Encadeamentos para o aguardado regresso a este sítio que para mim é sem dúvida muito especial.

Hugo Peniche

O caminho é a subir...

O titulo indicia claramente a direcção do movimento, mas não fornece mais detalhes já que estes serão sempre uma descoberta e nela reside aquilo que pretendo partilhar convosco.

Bruno na via Abrenuncio na Redinha

O que sempre me moveu foi a inspiração de outros que em determinados momentos, de forma curta e inesperada, me marcaram com a sua loucura. Na minha cabeça começa então um furacão de desejo e uma paranóia que instiga à repetição teimosa da frase: "também quero fazer isto".

Hidrofobia em Racó de Misa (Montsant, Catalunha)

A Escalada acabou por não ser apenas mais uma experiência, foi antes algo que descobri para nunca mais abdicar. Faz já uns 10 anos que vivo a projectar os sítios onde quero ir, os movimentos, as vias, a vida cigana. Se me perguntarem qual a razão? Pois, apenas sei dizer que tive muita sorte em descobrir isto.